08 agosto, 2014

Eduardo Prado Coelho: Reflexão sobre os Portugueses

Eduardo Prado Coelho, antes de falecer (25/08/2007), teve a lucidez de nos deixar esta reflexão, sobre nós todos,

por isso, façam uma leitura atenta e tirem as vossas conclusões!...


Precisa-se de matéria prima para construir um País    -   por Eduardo Prado Coelho - in Público

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres.
Agora dizemos que Sócrates não serve.
E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.
Por isso, começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.
O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria-prima de um País.
Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude, mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país:
- Onde a falta de pontualidade é um hábito;
- Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
- Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.
- Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
- Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
- Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média

e beneficiar alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.
- Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
- Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
- Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.
Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.
Não. Não. Não. Já basta.
Como 'matéria-prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.
Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós,  ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...
Fico triste.
Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria-prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.
E não poderá fazer nada...
Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.
Qual é a alternativa ?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror ?
Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados,

ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados !
É muito bom ser português. Mas, quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento
como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.
Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.
Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:
Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso.
É a indústria da desculpa e da estupidez.
Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.

AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.

E você, o que pensa ?... MEDITE !

 

EDUARDO PRADO COELHO

 

 

 

 

 

 

 

 

07 agosto, 2014

NÃO AO "DESACORDORTOMÁTICO" (N + 1) > Desacordo Ortográfico > Como se mata o gosto pela Língua Portuguesa

 

 

 

O texto  abaixo tem inteira razão de ser.

A gramática que se estudava, da 1ª classe até ao 7º ano dos liceus, para me referir ao meu tempo de escola, era necessária e suficiente para se escrever bem qualquer coisa.

Quem estudava linguística, no Ensino Superior, tinha de contar com mais um léxico de “palavrões”, necessário, aliás, para se estar por dentro da problemática da língua e ter consciência científica relativamente ao que, no âmbito da gramática, se estudava e ensinava.

Ora, como a autora deste texto sustenta, as alterações que lhe foram introduzidas, para não dizer impostas, deram origem à desordem. O sentido compreensível do que há muito estava estabelecido desapareceu. A confusão instalou-se e não se vislumbram hipóteses de se sair dela. A norma perdeu a lógica.

O mais grave é o que está subjacente às mudanças infligidas…

 

Sérgio O. Sá

 

 

OlhOs _ Maria Irene Marques                                                                                    Maria Maio _ OlhOs

 

Como se mata o gosto pela Língua Portuguesa

 

Vou chumbar a Língua Portuguesa, quase toda a turma vai chumbar, mas a gente está tão farta que já nem se importa. As aulas de português são um massacre. A professora? Coitada, até é simpática, o que a mandam ensinar é que não se aguenta. Por exemplo, isto: No ano passado, quando se dizia “ele está em casa”, ”em casa” era o complemento circunstancial de lugar. Agora é o predicativo do sujeito.”O Quim está na retrete”: “na retrete” é o predicativo do sujeito, tal e qual como se disséssemos “ela é bonita”. Bonita é uma característica dela, mas “na retrete” é característica dele? Meu Deus, a setôra também acha que não, mas passou a predicativo do sujeito, e agora o Quim que se dane, com a retrete colada ao rabo.

No ano passado havia complementos circunstanciais de tempo, modo, lugar etc., conforme se precisava. Mas agora desapareceram e só há o desgraçado de um “complemento oblíquo”. Julgávamos que era o simplex a funcionar: Pronto, é tudo “complemento oblíquo”, já está. Simples, não é? Mas qual, não há simplex nenhum, o que há é um complicómetro a complicar tudo de uma ponta a outra: há por exemplo verbos transitivos directos e indirectos, ou directos e indirectos ao mesmo tempo, há verbos de estado e verbos de evento, e os verbos de evento podem ser instantâneos ou prolongados; almoçar por exemplo é um verbo de evento prolongado (um bom almoço deve ter aperitivos, vários pratos e muitas sobremesas). E há verbos epistémicos, perceptivos, psicológicos e outros, há o tema e o rema, e deve haver coerência e relevância do tema com o rema; há o determinante e o modificador, o determinante possessivo pode ocorrer no modificador apositivo e as locuções coordenativas podem ocorrer em locuções contínuas correlativas. Estão a ver? E isto é só o princípio. Se eu disser: Algumas árvores secaram, ”algumas” é um quantificativo existencial, e a progressão temática de um texto pode ocorrer pela conversão do rema em tema do enunciado seguinte e assim sucessivamente.

No ano passado se disséssemos “O Zé não foi ao Porto”, era uma frase declarativa negativa. Agora a predicação apresenta um elemento de polaridade, e o enunciado é de polaridade negativa. No ano passado, se disséssemos “A rapariga entrou em casa. Abriu a janela”, o sujeito de “abriu a janela” era ela, subentendido. Agora o sujeito é nulo. Porquê, se sabemos que continua a ser ela? Que aconteceu à pobre da rapariga? Evaporou-se no espaço?

A professora também anda aflita. Pelo visto, no ano passado ensinou coisas erradas, mas não foi culpa dela se agora mudaram tudo, embora a autora da gramática deste ano seja a mesma que fez a gramática do ano passado. Mas quem faz as gramáticas pode dizer ou desdizer o que quiser, quem chumba nos exames somos nós. É uma chatice. Ainda só estou no sétimo ano, sou bom aluno em tudo excepto em português, que odeio, vou ser cientista e astronauta, e tenho de gramar até ao 12º estas coisas que me recuso a aprender, porque as acho demasiado parvas. Por exemplo, o que acham de adjectivalização deverbal e deadjectival, pronomes com valor anafórico, catafórico ou deítico, classes e subclasses do modificador, signo linguístico, hiperonímia, hiponímia, holonímia, meronímia, modalidade epistémica, apreciativa e deôntica, discurso e interdiscurso, texto, cotexto, intertexto, hipotexto, metatatexto, prototexto, macroestruturas e microestruturas textuais, implicação e implicaturas conversacionais? Pois vou ter de decorar um dicionário inteirinho de palavrões assim. Palavrões por palavrões, eu sei dos bons, dos que ajudam a cuspir a raiva. Mas estes palavrões só são para esquecer, dão um trabalhão e depois não servem para nada, é sempre a mesma tralha, para não dizer outra palavra (a começar por t, com 6 letras e a acabar em “ampa”, isso mesmo, claro.)

Mas eu estou farto. Farto até de dar erros, porque me põem na frente frases cheias deles, excepto uma, para eu escolher a que está certa. Mesmo sem querer, às vezes memorizo com os olhos o que está errado, por exemplo: haviam duas flores no jardim. Ou: a gente vamos à rua. Puseram-me erros desses na frente tantas vezes que já quase me parecem certos. Deve ser por isso que os ministros também os dizem na televisão. E também já não suporto respostas de cruzinhas, parece o totoloto. Embora às vezes até se acerte ao calhas. Livros não se lê nenhum, só nos dão notícias de jornais e reportagens, ou pedaços de novelas. Estou careca de saber o que é o lead, parem de nos chatear. Nascemos curiosos e inteligentes, mas conseguem pôr-nos a detestar ler, detestar livros, detestar tudo. As redacções também são sempre sobre temas chatos, com um certo formato e um número certo de palavras. Só agora é que estou a escrever o que me apetece, porque já sei que de qualquer maneira vou ter zero.

E pronto, que se lixe, acabei a redacção - agora parece que se escreve redação.O meu pai diz que é um disparate, e que o Brasil não tem culpa nenhuma, não nos quer impôr a sua norma nem tem sentimentos de superioridade em relação a nós, só porque é grande e nós somos pequenos. A culpa é toda nossa, diz o meu pai, somos muito burros e julgamos que se escrevermos ação e redação nos tornamos logo do tamanho do Brasil, como se nos puséssemos em cima de sapatos altos. Mas, como os sapatos não são nossos nem nos servem, andamos por aí aos trambolhões, a entortar os pés e a manquejar. E é bem feita, para não sermos burros.
E agora é mesmo o fim. Vou deitar a gramática na retrete, e quando a setôra me perguntar: Ó João, onde está a tua gramática? Respondo: Está nula e subentendida na retrete, setôra, enfiei-a no predicativo do sujeito.

João Abelhudo, 8º ano, setôra, sem ofensa para si, que até é simpática

 

Este texto é da autoria de Teolinda Gersão. 

Escritora, Professora Catedrática aposentada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. 

Escreveu-o depois de ajudar os netos a estudar Português. Colocou-o no Facebook

 

 

 

logo anti dengortográfico

 

 

 

 

 

 

 s ó   p a r a   c r i a n ç a s   a d u l t a s

Nova Matrícula para 2014 e Novos Cintos de Segurança

 

 

Nova Matrícula para 2014 e Novos Cintos de Segurança

A partir de Setembro de 2014 estas serão as

novas matrículas a circular nos carros dos Portugueses.




BES e os politicos.

 

05 agosto, 2014

Banco de Portugal - Banco Novo

Depois de toda esta bagunça, ninguem vai preso? Melhor, ninguêm está preso?

Será que Cavaco Silva, Passos Coelho, Carlos Costa, Maria Albuquerque, Poiares Maduro e tantos outros que quando falam, se por mentir lhes caisse um dentinho, hoje só poderiam comer açorda alentejana, nada lhes acontece?

Que despudor, que pouca vergonha!

Que mais se pode dizer?

 

 

04 agosto, 2014

Carcavelos - praia

Pormenores

 

 

Banco de Portugal

O que pensarão hoje, todos aqueles accionistas, os pequenos em especial, que se sentiram enganados pelo Banco de Portugal, quando publicamente informou que o BES estava bem e  se recomendava?  Carlos Costa, não será o primeiro responsável?

O BdPortugal é uma ilha neste país – tem estatuto próprio, tem... tem tudo o que aos outros falta – ordenados, pensões, mordomias, etc.

 

 

BdP falhou - enganou toda a gente

Aqueles que apontaram o dedo e as facas afiadas ao antigo supervisdor, hoje estão calados.

Mais não são que uns hipócrates dos muitos... muitos que vegetam à sombra do “poder”

“Tal como nos crimes de Oliveira e Costa & companhia, o Banco de Portugal não viu o roubo. No BES só colocou as trancas à porta depois do assalto. É inacreditável que só agora se saiba a dimensão da cratera financeira. Os pequenos acionistas que foram ao último aumento de capital do banco perderam dinheiro por omissão do supervisor. Esta nacionalização encapotada não é a melhor solução. E tem efeitos nefastos na pequena Bolsa portuguesa, cada vez mais uma micro bolsa.” (CM)

01 agosto, 2014

Socrates - a justiça não perdoa?

“É fácil perceber a estratégia: A Sábado teve um “sopro” ao ouvido vindo do sítio do costume. A fonte é segura e sabe que a Cofina (dona da Sábado e do Correio da Manhã) merece todas a cachas sobre Sócrates. Mas também não interessa se a notícia é ou não verdadeira porque se não é podia ser, ponto final.

A estratégia costuma dar resultado: a “notícia” sai na 5.ª feira pelo que era necessário antecipar alguma coisa para que Sócrates desmentisse e a fonte preparasse  “provas” para manter a “notícia”. Entretanto, a suspeita vai fazendo caminho e é o que interessa… Resta esperar que a Sábado esclareça o assunto e tenha bons factos para sustentar a “notícia”.

Sócrates atreveu-se a criticar no passado domingo, na RTP1 o comportamento da Justiça, sobretudo no que diz respeito à detenção de Ricardo Salgado, sugerindo que esta esclarecesse as razões que levaram a tal ato: Disse Sócrates: “Acho que a Justiça ganhava em explicar-nos a todos porque deteve Salgado”, disse Sócrates, acrescentando que as razões para a detenção que vieram nos jornais são “pueris”.”   No “ Vai e Vem”

 

 

 

Socrates - Salgado - mas que diferença de tratamento

 

O CM continua na sua saga de perseguição a José Sócrates, aproveitando a ocasião em que Sócrates está de “férias” no programa da RTP1 para o voltar a atacar.

Durante anos, tem lançado suspeitas atrás de suspeitas, sem quaqluer resultado – o jornalismo de investigação regressou novamente, doentiamente com a perseguição a José Socrates.

Salgado, não conta.

Os enormes títulos que o CM pubica nas suas primeiras páginas contra Socrates escondem os pequenissimos títulos de outros assuntos que de momento são de maior impacto na vida económica e política nacional.

Socrates e Salgado, mas que diferença de tratamento.

 

31 julho, 2014

Socrates e a Revista S bado

Então não é que a Sabado pertence à mesma organização do Correio da Manhã!

 

 

Sócrates

Quando alguns destes poderosos do País são “apanhados”, logo surgem os seus assalariados a lançarem cortinas de fumo para esconderem os verdadeiros coveiros do país.

O jornalismo de investigação só existiu enquanto Sócrates foi Primeiro Ministro.

Agora não há investigação que valha um velho vintém

Que nomes devemos chamar a estes jornalistas e directores de jornais que publicam, impunemente este tipo de notícias?

 

 

30 julho, 2014

Governo de Férias no Algarve!.... Na Manta Rota!

... e olha como já estão queimadinhos... deve ter sido nos fins de semana, porque as férias ainda não começaram... 

Biscates - Texto 5 Estrelas!

 

 

Por Carlos de Matos Gomes

Para que servem as primeiras páginas dos jornais e os grandes casos dos noticiários das TV?

Se pensarmos no que as primeiras páginas e as aberturas dos telejornais nos disseram enquanto decorriam as traficâncias que iriam dar origem aos casos do BPN, do BPP, dos submarinos, das PPP, dos SWAPS, da dívida, e agora do Espírito Santo, é fácil concluir que servem para nos tourear.

Desde 2008 que as primeiras páginas dos Correios das Manhas, os telejornais das Moura Guedes, os comentários dos Medinas Carreiras, dos Gomes Ferreiras, dos Camilos Lourenços, dos assessores do Presidente da República, dos assessores e boys dos gabinetes dos ministros, dos jornalistas de investigação nos andam a falar de tudo e mais alguma coisa, excepto das grandes vigarices, aquelas que, de facto, colocam em causa o governo das nossas vidas, da nossa sociedade, os nossos empregos, os nossos salários, as nossas pensões, o futuro dos nossos filhos, dos nossos netos. Que me lembre falaram do caso Freeport, do caso do exame de inglês de Sócrates, da casa da mãe do Sócrates, do tio do Sócrates, do primo do Sócrates que foi treinar artes marciais para a China, enfim que o Sócrates se estava a abotoar com umas massas que davam para passar um ano em Paris, mas nem uma página sobre os Espirito Santo! É claro que é importante saber se um primeiro ministro é merecedor de confiança, mas também é, julgo, importante saber se os Donos Disto Tudo o são. E, quanto a estes, nem uma palavra. O máximo que sei é que alguns passam férias na Comporta a brincar aos pobrezinhos. Eu, que sei tudo do Freeport, não sei nada da Rioforte! E esta minha informação, num caso, e falta dela, noutro, não pode ser fruto do acaso. Os directores de informação são responsáveis pela decisão de saber uma e desconhecer outra.

Os jornais, os jornalistas, andaram a tourear o público que compra jornais e que vê telejornais.

Em vez de directores de informação e jornalistas, temos novilheiros, bandarilheiros, apoderados, moços de estoques, em vez de notícias temos chicuelinas.

Não tenho nenhuma confiança no espírito de autocrítica dos jornalistas que dirigem e condicionam o meu acesso à informação: todos eles aparecerão com uma cara à José Alberto de Carvalho, à Rodrigues dos Santos, à Guedes de Carvalho, à Judite de Sousa (entre tantos outros) a dar as mesmas notícias sobre os gravíssimos casos da sucata, dos apelos ao consenso do venerando chefe de Estado, do desempenho das exportações, dos engarrafamentos do IC 19, das notas a matemática, do roubo das máquinas multibanco, da vinda de um rebenta canelas uzebeque para o ataque do Paiolense de Cima, dos enjoos de uma apresentadeira de TV, das tiradas filosóficas da Teresa Guilherme. Todos continuarão a acenar-me com um pano diante dos olhos para eu não ver o que se passa onde se decide tudo o que me diz respeito.

Tenho a máxima confiança no profissionalismo dos directores de informação, que eles continuarão a fazer o que melhor sabem: tourear-nos. Abanar-nos diante dos olhos uma falsa ameaça para nos fazerem investir contra ela enquanto alguém nos espeta umas farpas no cachaço e os empresários arrecadam o dinheiro do respeitável público.

Não temos comunicação social: temos quadrilhas de toureiros, uns a pé, outros a cavalo.

Uma primeira página de um jornal é, hoje em dia e após o silêncio sobre os Espírito Santo, um passe de peito.

Uma segunda página será uma sorte de bandarilhas.

Um editor é um embolador, um tipo que enfia umas peúgas de couro nos cornos do touro para a marrada não doer.

Um director de informação é um "inteligente" que dirige uma corrida.

Quando uma estação de televisão convida um Camilo Lourenço, um Proença de Carvalho, um Gomes Ferreira, um João Duque, um Gomes Ferreira, um Júdice, um Marcelo, um Miguel Sousa Tavares, um Ângelo Correia, devia anunciá-los como um grupo de forcados: Os Amadores do Espírito Santo, por exemplo. Eles pegam-nos sempre e imobilizam-nos. Caem-nos literalmente em cima.

As primeiras páginas do Correio da Manhã podiam começar por uma introdução diária: Para não falarmos de toiros mansos, os nossos queridos espectadores, nem de toureios manhosos, os nossos queridos comentadores, temos as habituais notícias de José Sócrates, do memorando da troika, da imperiosa necessidade de pagar as nossas dividas.

Todos os programas de comentário político nas TV deviam começar com a música de um passo doble. Ou com a premonitória "Tourada" do Ary dos Santos, cantada pelo Fernando Tordo.

O silêncio que os "negócios " da família dona disto tudo mereceu da comunicação social, tão exigente noutros casos, é um atestado de cumplicidade: uns os jornalistas venderam-se, outros queriam ser como os Espírito Santo. Em qualquer caso, as redacções dos jornais e das TV estão cheias de Espíritos Santos. Em termos tauromáquicos, na melhor das hipóteses não temos jornalistas, mas moços de estoques. Na pior, temos as redacções cheias de vacas a que se chamam na gíria as "chocas".

O que o silêncio cúmplice, deliberadamente cúmplice, feito sobre o caso Espirito Santo, o que a técnica do desvio de atenções, já usada por Goebels, o ministro da propaganda de Hitler, revelam é que temos uma comunicação social avacalhada, que não merece nenhuma confiança.

Quando um jornal, uma TV deu uma notícia na primeira página sobre Sócrates (e falo dele porque a comunicação social montou sobre ele um operação de barragem pelo fogo, que na altura justificou com o direito a sabermos o que se passava com quem nos governava e se esqueceu de nos informar sobre quem se governava) ficamos agora a saber que esteve a fazer como o toureiro, a abanar-nos um trapo diante dos olhos para nos enganar com ele e a esconder as suas verdadeiras intenções: dar-nos uma estocada fatal!

Porque será que comentadores e seus patrões, tão lestos a opinar sobre pensões de reforma, TSU, competitividade, despedimentos, aumentos de impostos, gente tão distinta como Miguel Júdice, Proença de Carvalho, Ângelo Correia, Soares dos Santos, Ulrich, Maria João Avilez e esposo Vanzeller, não aparecem agora a dar a cara pelos amigos Espírito Santo?

Porque será que os jornais e as televisões não os chamam, agora que acabou o campeonato da bola?

Um grande Olé aos que estão agachados nas trincheiras, atrás dos burladeros!

 

Retirado de: http://aviagemdosargonautas.net/2014/07/15/biscates-cronica-tauromatica-por-carlos-de-matos-gomes/

 

 

 

28 julho, 2014

Justiça - MAUS LENÇOIS

Em maus lençóis

por PAULO BALDAIA – IN dn

A justiça está deitada na cama que fez para si própria nas últimas décadas. O povo já não se contenta com o facto de o dono disto tudo ter sido detido e interrogado por um juiz. Pelo contrário, desconfia de tanto aparato e já nem pede justiça, exige vingança.

Todos perguntam onde estava este poder (juízes, procuradores, jornalistas, políticos...) quando ele era de facto dono disto tudo? Por certo se sabe muito mais hoje do que há apenas dois meses, mas não estranhem que o povo estranhe tanta vontade de fazer justiça depois de tanto silêncio e cumplicidade.

Para ficar bem na fotografia, a justiça está "obrigada" a dar ordem de prisão a este banqueiro e o povo, de seguida, pedir-lhe-á mais prisões, de mais banqueiros, de mais gente importante e poderosa. Pressionada, a nossa justiça deixará que a violação do segredo de justiça, essa arma poderosa para condenar pessoas na praça pública, volte a funcionar. E já começaram as fugas selectivas de informação, querendo provar a culpa do arguido mesmo que para isso quem investiga tenha de fazer figura de parvo.

O Expresso Diário contou-nos a história de umas caixas, com papéis para destruir, encontradas pela investigação no escritório improvisado de Ricardo Salgado, e dava nota do que essa mesma investigação terá feito perante tão grande descoberta. Passo a citar: "A PJ fotografou, foi-se embora e cinco dias depois [...] entrou no hotel com um mandado de busca." Se não fosse trágico, dava para rir. O Ministério Público acreditou que Salgado queria destruir provas e achou por bem dar-lhe cinco dias para pensar no assunto. Não lhes passou pela cabeça que é na produção de prova e na sua justa avaliação, de acordo com a lei, que se faz boa justiça. Por aqui se vê que, infelizmente, não há uma única razão para acreditar que a justiça vai mudar em Portugal.

Para avaliar o estado da justiça pouco importa que isto termine com uma condenação ou uma declaração de inocência do mediático arguido. A democracia assenta na separação de poderes mas a maior parte do tempo parece que a justiça é um Estado à parte, com as suas próprias regras, sem ter de dar cavaco a ninguém

As instituições da justiça estão entre as mais desconsideradas pelos portugueses e vivem hoje, como viviam ontem, sob suspeita de tratar de modo diferente cidadãos que, à luz da lei, deveriam receber tratamento igual. Ainda não foi desta que provaram não temer os poderosos. Os titulares da justiça, a quem se exige maior responsabilidade, agem do mesmo modo que a generalidade dos cidadãos, com reverência face a quem tem poder e com desdém em relação a quem cai em desgraça. Para haver Justiça é preciso muito mais do que o circo que já começaram a montar.

 

 

BES - porquê só agora?

 

 

BES - porquê só agora?

 

I N T R O I T O

ACTIVOS DA FAMÍLIA ESPIRITO SANTO

Herdade da Comporta

 (onde, candidamente, iam brincar aos pobrezinhos) com uma área de 12,5 mil hectares (área cultivada de arroz, 1 100 hectares e produz também: vinho, milho, batata-doce e curgetes). A parte florestal tem uma área de 7 100 hectares de pinheiros e carvalhos. Existe um projecto imobiliário e turístico.

Industria hoteleira

Possui 14 unidades hoteleiras (Tivoli, Hotels & Resorts), todos de 4 e 5 estrelas. No Brasil 2 unidades ( S.Paulo e Praia do Forte em S.Salvador da Baía). Em Portugal 12 unidades (6 no Algarve, 3 em Lisboa, 2 em Sintra e um em Coimbra). Tem uma oferta total de 3000 quartos.

Operador Turístico

Tem mais de 50 balcões espalhados pelo País. A actividade alarga-se até Angola, Itália e Espanha. Opera com as marcas Top Atlântico, Carlson Wagonlit e BCD Travel. Detém a operadora online Netviagens.

Portucale

Proprietários da herdade Vargem Fresca (Ribatejo) com cerca de 510 hectares, alberga dois campos de golfe, Ribagolfe I e II. A Portucale esteve envolvida num escândalo em conjunto com o governo Santana Lopes/Durão Barroso/Paulo Portas, acerca de um abate ilegal de sobreiros, autorizado às pressas e após terem perdido as eleições para o PS. Conta-se, que na altura o CDS teria recebido um milhão de euros e justificado ter sido oferecido por diversos donativos de militantes, entre eles, o muito glosado MANUEL LEITE DO REGO.

Espirito Santo Saúde

O grupo tem cerca de 18 unidades clínicas, 1200 camas e cerca de 9000 funcionários. Os três principais hospitais são o da Luz, em Lisboa, o da Arrábida, em Vila Nova de Gaia e o Beatriz Ângelo, em Loures.

Fazendas no Brasil

O Grupo Espírito Santo tem duas grandes fazendas no interior do Brasil. Uma no Estado de S. Paulo com 12 mil hectares, mais propriamente em Botucatu, chamada Fazenda Morrinhos. Produz, laranjas, limões, eucalipto e cana de açúcar.

A outra é a Fazenda Pantanal de Cima, no estado de Tocatins, com uma área de 20 000 hectare, 3 mil dos quais asseguram produção de arroz no verão e de soja no inverno.

Herdade no Paraguai

É a maior herdade do Grupo, Estende-se por cerca de 135 mil hectares, no Paraguai. Este terreno  tem uma dimensão equivalente à do quinto maior concelho do País (Uma área onde caberiam 16 Lisboas) Alberga mais de 53 mil cabeças de gado e possui 75 mil hectares de pastagens, 12 mil hectares de floresta e 5 mil de cultivo agrícola,  nomeadamente de soja e algodão.

Atlantic Meals - Agroalimetar

Produz arroz, milho e alimento para crianças, como as farinhas sem glúten. Tem três unidades industriais em Portugal (Coruche, Biscainho e Alcácer do Sal) e uma outra em Sevilha. Opera com as marcas Ceifeira, Sorraia, Atlantic e Atlantic Le Chef. A Atlantic Meals é fornecedora das indústrias cervejeira e agroalimentar. Tem uma capacidade de secagem de  arroz e milho de 50 mil ton. ano.

Espirito Santo Property Brasil

É a empresa imobiliária do grupo no Brasil associada à OA (Oscar Americano), com vários projectos residenciais, de comércio, parques logísticos, escritórios e loteamento. As actividades principais são em S.Paulo, onde desenvolve projectos imobiliários emblemáticos, como o complexo Villa Lobos, com área comercial e residencial, ou a Alameda dos Pinheiros. Tem expandido a actividade a outros estados brasileiros, como é o caso da Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Baía. Já concretizou empreendimentos fora do Brasil, como é o caso do edifício Plaza Miami, no centro desta cidade norte americana, um prédio com uma área total de 120 mil metros quadrados com área residencial, escritórios e hotel.

Espirito Santo Property (Portugal)

É um dos maiores promotores imobiliários de Portugal. Vocacionado para o segmento alto, a empresa foi criada com o nome Espart, designação que acabou por ser alterada em Novembro do ano transacto. Um dos primeiros grandes trabalhos foi o desenvolvimento da Quinta do Patiño, no Estoril, transformando um antigo palácio e respectivos jardins numa das áreas mais exclusivas de Portugal. Conta além disso, no seu portfólio, com edifícios em Lisboa, com o nº. 15 da Rua Castilho e o 238 da Avª. da Liberdade, o Ivens 31, no Chiado e o Parque dos Príncipes, em Telheiras. E tem as residências do Palácio Estoril, a Quinta do Peru, em Azeitão, as Casas de São Francisco, em Santiago de Cacém, o Oeiras Golf & Residence, o Doro Atlantic Garden, em Gaia e as Quintas D'Al-Gariya, em Portimão, entre outros edifícios.

Companhia de Seguros Tranquilidade

Valor de activos sob gestão 800 (oitocentos) milhões de Euros.

Banco Espirito Santo

A GALINHA DOS OVOS DE OURO.

 

Não consta neste rol, as "poupanças estratégicas" eventualmente acantonadas em offshore´s (do BES/Angola, não se sabe onde param, cerca  5 mil milhões de $USA).

Sabe-se é que:

O BES/Portugal, emprestou 3 mil milhões de €. ao BES/Angola, os quais, dizem, estão perdidos.

O BES emprestou ao Grupo Espirito Santo 1 200 milhões de €. Com insolvência deste grupo, liquidação desta verba é um sonho.

A Caixa Geral de Depósitos, desembolsou 300 milhões de €, recebendo como garantia as acções do grupo, nesta altura do campeonato valem um grandíssimo ZERO. A C.G.D. (empresa pública), empresta 300 milhões de €? E quem será o responsável? Logicamente a ministra das finanças. Estão todos calados que nem ratos...

No cômputo geral,  a exposição de empresas portuguesas no Espírito Santos Financial Group (maior accionista do BES), é de cerca 5 000 milhões de € (cinco mil milhões de euros).

Ao  ser aceite o pedido de protecção de credores e ou em alternativa ser declarada a insolvência deste grupo, lá vem mais  um "tsunami" financeiro (Quando o mar bate na rocha quem se lixa, quem é?, quem é?: Obviamente o mexilhão).

No meu mail de cinco do corrente, aconselhava a quem tivesse muita fé, a pôr uma velinha aos pés da N.S.de Fátima e que rezassem muito e com toda a veemência, a fim de não ser outra vez o "mexilhão" a pagar estes desmandos. Hoje, não peço que ponham uma velinha mas sim uma palete delas e não rezem, acampem na igreja e se possível,  peçam acompanhamento pelo Duarte Lima.  

A desgraça deste país é o sistema bancário e tudo o que rodeia. Não foi esta oligarquia, com o conforto do sr. governador do Banco de Portugal e do residente de Belém os incentivadores da chamada do FMI? com que objectivo? O objectivo era a salvação das suas casas bancárias, as maiores causadores da dívida soberana, hoje sobejamente sabido, ser ela mais privada do que pública em detrimento do povo português, vilmente sacrificado, para satisfação da ambição destes malandros.

Enoja, ver, ler e ouvir os mais diversos gurus do regime, tentar minimizar  os desmandos desta "troupe". No entanto o excremento é tanto, que a carpete da "sopeira",  já não tem capacidade para acolher tanto lixo e este, já incontrolavelmente, é exposto à saciedade.

Onde estarão as críticas do Marcelo Rebelo de Sousa (cardeal Richelieu) e de Sousa Tavares? O primeiro tem como companheira, à longuíssimos anos,  Rita Berta Cabral, administradora não executiva do BES e um dos três membros da Comissão de Vencimentos do BES, entre 2008/2012. Assíduo acompanhante de Ricardo Salgado nas férias no Mediterrâneo. Os netos do segundo, são os mesmos netos do sr. Ricardo Salgado.

Em súmula, que tem o sr. Cavaco Silva e o Governo a comentar sobre estas turbulências? Terão o moral suficiente para tomar decisões adequadas e criticar o seu aliado mais forte no derrube do governo anterior? Já começa a ser trágico (para o povo português) o constante envolvimento destas entidades com esta pirataria bancária. E o que é constrange mais, desde o mais brilhante quadro até ao mais humilde servente? O saber-se que esta gente vai usufruir de chorudas pensões de reforma e passam incólumes perante esta (in)justiça portuguesa. 

Por fim, descobriu-se um novo super-homem, Vítor Bento. Este sr. foi convidado para presidir à administração do BES (antes tinha sido convidado para ministro das finanças. Declinou (sempre é melhor banqueiro que ministro) e assim avançou outro super-homem Vítor Gaspar (...afinal  havia outro..."vítor" ... como diz uma famosa canção), o que me leva a acreditar que o Vítor (Gaspar), não era tão super como os "gurus do regime" nos quiseram vender e este (Bento) será?

Desconfio  e muito. Para já, o sr. Vítor Bento não tem qualquer experiência bancária. Teremos que acreditar na sua perspicácia e inteligência e apesar de lhe conceder o benefício da dúvida nestes requisitos, não acredito nele. E porquê? Quando este individuo afirma e reafirma que a actual situação económica/financeira tem por culpado primário o POVO PORTUGUÊS, por ter VIVIDO ACIMA DAS SUAS POSSIBILIDADES, vai agora presidir a uma entidade, testemunho vivo, contrário à sua  pseudo-teoria.

Por fim, constata-se o aumento da dívida em 40%, desde a chegada da troika. A intervenção do Estado em 3 bancos (BCP, BANIF e BPI) BPN E BPP são casos de polícia e agora o estrondo do BES a somar às chorudas reformas dos ex-presidentes bancários, autores, no mínimo, de gestão danosa, com direito a prisão. E os "gurus do regime" não comentam nada? Ou será que comem todos na mesma gamela doirada?

O povo no alto da sua sabedoria:

"ROUBAS UM PÃO ÉS UM LADRÃO, ROUBAS UM MILHÃO ÉS UM BARÃO"

(frederico lopes)


Grupo Espírito Santo: "too big to fail" ou "too holy to jail?" 

Por Ana Gomes

Eu proponho voltarmos a 6 de Abril de 2011 e revisitarmos o filme do Primeiro Ministro José Sócrates, qual animal feroz encostado as tábuas, forçado a pedir o resgate financeiro. Há um matador principal nesse filme da banca a tourear o poder político, a democracia, o Estado: Ricardo Salgado, CEO do BES e do Grupo que o detém e controla, o GES - Grupo Espírito Santo. O mesmo banqueiro que, em Maio de 2011, elogiava a vinda da Troika como oportunidade para reformar Portugal, mas recusava a necessidade de o seu Banco recorrer ao financiamento que a Troika destinava à salvação da banca portuguesa.

A maioria dos comentaristas que se arvoram em especialistas económicos passou o tempo, desde então, a ajudar a propalar a mentira de que a banca portuguesa - ao contrário da de outros países - não tinha problemas, estava saudável (BPN e BPP eram apenas casos de polícia ou quando muito falha da regulação, BCP era vítima de guerra intestina: enfim, excepções que confirmavam a regra!). Mas revelações recentes sobre o maior dos grupos bancários portugueses, o Grupo Espírito Santo, confirmam que fraude e criminalidade financeira  não eram excepção: eram - e são - regra do sistema, da economia de casino em que continuamos a viver.

Essas revelações confirmam também o que toda a gente sabia - que o banqueiro Salgado não queria financiamento do resgate  para não ter que abrir as contas do Banco e do Grupo que o controla à supervisão pelo Estado - esse Estado na mão de governantes tão atreitos a recorrer ao GES/BES para contratos ruinosos contra o próprio Estado, das PPPs aos swaps, das herdades sem sobreiros a submarinos e outros contratos de defesa corruptos, à subconcessao dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. À conta de tudo isso e de mecenato eficiente para capturar políticos - por exemplo, a sabática em Washington paga ao Dr. Durão Barroso - Ricardo Salgado grangeou na banca o cognome do DDT, o Dono De Tudo isto, e conseguiu paralisar tentativas de investigação judicial - sobre os casos dos Submarinos, Furacão e Monte Branco, etc.. e até recorrer sistematicamente a amnistias fiscais oferecidas pelos governos para regularizar capitais que esquecera ter parqueado na Suíça, continuando tranquilamente CEO do BES, sem que Banco de Portugal e CMVM pestanejassem sequer...

Mas a mudança de regras dos rácios bancários e da respectiva supervisão - determinados por pressão e co-decisão do Parlamento Europeu - obrigaram o Banco de Portugal a ter mesmo de ir preventivamente analisar as contas do BES/GES. A contragosto, claro, e com muito jeitinho - basta ver que, para o efeito, o Banco de Portugal, apesar de enxameado de crânios pagos a peso de ouro,  foi contratar (cabe saber quanto mais pagamos nós, contribuintes) uma consultora de auditoria, a KPMG - por acaso, uma empresa farta de ser condenada e multada nos EUA, no Reino Unido e noutros países por violações dos deveres de auditoria e outros crimes financeiros e, por acaso, uma empresa contratada pelo próprio BES desde 2004 para lhe fazer auditoria...

Mas a borrasca era tão grossa, que nem mesmo a KPMG podia dar-se ao luxo de encobrir: primeiro vieram notícias da fraude monstruosa do GES/BES/ESCOM no BESA de Angola, o "BPN tropical", que o Governo angolano cobre e encobre porque os mais de 6 mil milhões de dólares desaparecidos estão certamente a rechear contas offshore de altos figurões e o povo angolano, esse, está habituado a pagar, calar e a ...não comer... Aí, Ricardo Salgado accionou a narrativa de que "o BES está de boa saúde e recomenda-se", no GES é que houve um descontrolo: um buracão de mais de mil e duzentos milhões, mas a culpa é... não, não é do mordomo: é do contabilista! 

Só que, como revelou o "Expresso" há dias, o contabilista explicou que as contas eram manipuladas pelo menos desde 2008, precisamente para evitar controles pela CMVM e pelo Banco de Portugal, com conhecimento e por ordens do banqueiro Salgado e de outros administradores do GES/BES. E a fraude, falsificação de documentos e outros crimes financeiros envolvidos já estão a ser investigados no Luxemburgo, onde a estrutura tipo boneca russa do GES sedia a "holding" e algumas das sociedades para melhor driblar o fisco em Portugal.

Eu compreendo o esforço de tantos, incluindo os comentadores sabichões em economia, em tentar isolar e salvar deste lamaçal o BES, o maior e um dos mais antigos bancos privados portugueses, que emprega muita gente e que obviamente ninguém quer ver falir, nem nacionalizar. Mas a verdade é que o GES está para o BES, como a SLN para o BPN: o banco foi - e é - instrumento da actividade criminosa do Grupo. E se o BES será, à nossa escala, "too big to fail" (demasiado grande para falir), ninguém, chame-se Salgado ou Espírito Santo, pode ser "too holy to jail" ( demasiado santo para ir preso).

Isto significa que nem os empregados do BES, nem as D. Inércias, nem os Cristianos Ronaldos se safam se o Banco de Portugal, a CMVM, a  PGR e o Governo continuarem a meter a cabeça na areia, não agindo contra o banqueiro Ricardo Salgado e seus acólitos, continuando a garantir impunidade à grande criminalidade financeira - e não só - à solta no Grupo Espírito Santo.

 

  

 

 

Mais um banco que vai rebentar...( Notícia de última hora)

 NOTICIA DE ÚLTIMA HORA :

Mais um banco que vai rebentar...


  
 

 


 

 

 

27 julho, 2014

banqueiros e políticos

Banqueiros e políticos: veja as diferenças

Publicado em por estrelaserrano@gmail.com

Tomemos apenas dois casos: Ricardo Salgado e José Sócrates.

O primeiro caíu definitivamente em desgraça. Já não lhe bastavam os escândalos do BES/GES, hoje caíu-lhe em cima o caso Monte Branco, a maior rede de branqueamento de capitais, que se arrasta desde 2005, segundo dizem as notícias.

Salgado, hoje constituído arguido e sujeito a uma caução de 3 milhões de euros, é agora suspeito de práticas fraudulentas e de crimes graves. Já tinha sido ouvido como testemunha e o Ministério Público chegou a declarar que não era suspeito no caso Monte Branco. Coincidência ou não, arredado do BES e perdido o poder que detinha, a justiça foi hoje buscá-lo a casa e nem lhe permitiu que fosse ele a apresentar-se de livre vontade.

E sobre o caso GES/BES ficámos também hoje a saber pela boca do presidente da CMVM, no Parlamento, que havia indícios de actividade ilícita que foram entregues às autoridades. Em causa estavam, entre outros, eventuais crimes de abuso de informação privilegiada e abuso de confiança. Salgado andava afinal a ser vigiado e o regulador diz agora que ele tudo fazia para o enganar. Soube-se também que a CMVM sofreu pressões fortíssimas de responsáveis do grupo para que nada se soubesse porque um banqueiro não pode ser suspeito.

Temos, pois, que muitos sabiam muitas coisas sobre Ricardo Salgado mas não o disseram. Não houve sobre o banqueiro fugas de informação nem transcrições de escutas nos jornais. Nenhum agente da justiça ajudou os jornalistas a publicarem as patranhas do banqueiro. É que um banqueiro não pode ser suspeito. Hoje foram buscá-lo a casa porque já não é banqueiro no activo nem Dono Disto Tudo. Já pode ser suspeito, arguido e detido. Antes não!

Comparemos então o tratamento dado ao banqueiro no activo com o tratamento dado a um primeiro-ministro, o último, José Sócrates, enquanto esteve no activo: fustigado pelos jornais e televisões, durante os últimos anos do seu governo, acusado e suspeito de corrupção – no Freeport, diziam que tinha recebido luvas; no Face Oculta, queria derrubar o estado de direito e correr com a Moura Guedes da TVI; no SOL queria que o Vara cortasse a publicidade do BCP ao jornal do arquitecto. Sem nunca ter sido ouvido pela justiça nem constituído arguido, este primeiro-ministro foi meses e anos crucificado na TVI e no SOL, escutado a falar com meio mundo com as escutas escarrapachadas nos jornais, a sua vida privada espiolhada até à medula, Sócrates, primeiro-ministro, foi isco em tudo quanto era caso de justiça.

Enquanto esteve em funções, este primeiro-ministro foi sempre “suspeito” para jornais, televisões, procuradores e polícias. Ninguém se interrogou (ao contrário do que fizeram com o banqueiro Salgado) se um primeiro-ministro podia ser suspeito. Quando deixou o cargo, calaram-se e nada se provou contra ele.

Moral da história: um banqueiro no activo não pode ser suspeito. Um primeiro ministro em funções pode sê-lo. Quando saem de funções é ao contrário: o banqueiro tem de pagar pelos crimes; o primeiro-ministro não tem crimes mas entretanto foi corrido em eleições. Esse era o objectivo.

 

 

 

26 julho, 2014

Ricardo Salgado - que informação

 

Pasmo de respeito e medo pela actuação da nossa informação.

Devo recordar com toda a atenção o comportamento de muito e conhecidos políticos da nossa proeminente praça politica, dos assalariados jornalistas deste  pais e em especial daqueles que no dia a dia, às mais diversas horas e circuntãncia comentam o dia a dia dos factos político mais proeminentes.

 

A diferença de tratamento mediático entre o caso Ricardo Salgado, Monte Branco ou Furacão, nada tem a ver com o caso Freport.

O peso do “dinheiro” faz , ainda hoje e agora, pender a balança da critica e da informação, apenas num único sentido.

A combinação que terá sido feita com Ricardo Salgado, no dia anterior à sua detenção e o seu pedido para não ser levado pela própria polícia deve e tem que ser mencionado.

 

Temos, desde há muito, questionado o facto de não mais terem surgido na comunicação social notícias relacionadas com tantos casos mediáticos, tanto ou mais que o Freeport, não terem sido alvo daqueles jornalistas de investigação, masculinos e femininos.

 

Reformaram-se?

 

Vamos aguardar

 

 

25 julho, 2014

Paulo Portas os submarinos

sábado, 19 de Julho de 2014

Paulo Portas na AR sobre submarinos

Publicado por AG

Pano para mangas na audição #AR a Paulo Portas s/ #submarinos e outros contratos Defesa. Deixo umas questões telegráficas. Só pra preparos...

 

1. Paulo Portas assumiu que decidiu entregar o contrato a alemães. E que se articulou com PM Barroso sobre LPM (Lei de Programação Militar 2003) inerente. Porque o negou Barroso?

 

2. Portas decidiu dar contrato a alemães, renegoceia 2 em vez de 3 submarinos, mas não contrapartidas que diz já virem mal do PS. E não corrigiu porquê?

 

3. Contrapartidas foram um desastre, admite Portas, dizendo já as ter herdado. Mas não tentou renegociá-las. Por "compromisso permanente"?

 

4. PS foi quem aceitou arbitragem em vez de tribunal estadual, diz Portas. Não mudou porque "era compreensível que Estado quisesse agilizar..."?

 

5. Porque Portas iludiu perguntas sobre falta condições da CPC (Comissão Permanente das Contrapartidas) para fiscalizar a execução das contrapartidas e sobre a extinção da CPC por este Governo?

 

6. Portas, grande cavaleiro dos ENVC - a quem deu 52% das contrapartidas - larga a dama por Hotel Alfamar e cobre a renegociação por este Governo?

 

7. Portas não branqueia Aguiar: trabalhou para dar trabalho a ENVC, não comenta Governo desistir de contratos da Armada. Diz "concessão é privatização"...

 

8. Portas conta que alemães eram malandros, queriam Lisnave nas contrapartidas como investimento. Ele não deixou. Então porque deixou  o resto?

 

9. Portas invoca ter feito um leilão bancário que não era obrigatório para escolher consórcio financeiro  com BES. Mas não aparecem documentos.  Procurou nas 60.000 fotocópias que levou para casa do MDN?

 

10. Portas: "consórcio bancário só era 25% de BES, dominava  o Crédit Suisse"- esse poço de probidade que não acaba de ser condenado nos  EUA, nem nada...

 

11. Portas gaba-se de incluir custos de manutenção nos contratos que negociou. Mas então porque nada há no contrato e Estado está a pagar 5 milhões/ano/submarino em manutenção?

 

12. "O que é que eu tenho a ver com isso?" - perguntou Portas sobre minudência de MDN ter contratado consórcio bancário com BES/GES, sabendo que ESCOM (GES) desde sempre servia os vendedores alemães...

 

13. Semedo inquiriu sobre estranhas contas do CDS em 2004. Portas defendeu honra dos seus "modestos funcionários". Inclui depositante "Jacinto Leite Capelo Rego"?

 

14. "Maçador" Cônsul honorário de Portugal em Munique escreveu a Ferrostaal "difamando" Portas. Apesar de acusado na Alemanha, o Cônsul não é processado em Portugal, onde continua a residir. O ex-MDN/MNE e actual Vice-Primeiro-Ministro passa?

 

15. Na Alemanha há condenados por subornos em Portugal. Mas isso que importa ao ex-MDN/MNE  e hoje Vice-Primeiro-Ministro de Portugal?

 

16. "Compromisso permanente" entre partidos do arco europeu/atlantista não exclui "mãos limpas", frizou José Magalhaes. Porque é que Portas tanto invocou o tal "compromisso"? (que eu não sei o que é).